RETRATO
Quando a tarde passa
Abre-se outra porta
Se um morcego voa a estrela desponta
Ser de hoje ou de sempre
nada disso importa
todo o tempo corre só por nossa conta
sair por praias brancas de velas queimadas
se perdi meus espacos ao longo da carreira
tive pais e filhos tive namoradas
e encontrei-me logo aqui mesmo á beira
jogo minhas cartas na mesa da vida
recolho moedas apenas também
alma encandescente
frio transivel
quem me dasse querido nao tenho
o vinho bebido ao sangue juntando
e os frutos da terra descobri em mim
que ninguem me diga que morreu sem lei
que ninguem me diga que morreu assim
Mário Cláudio
CARLOS DO CARMO & BERNARDO SASSETTI, Carlos do Carmo & Bernardo Sassetti, Universal Music Portugal, 2010.
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